quinta-feira, março 24, 2005

Não há noite tão longa que não encontre o dia

Senhora da Hora, 6 e 17 da manhã, deito-me mas não consigo adormecer, fecho os olhos mas só consigo fixar a claridade... e esta música... e esta música que não me larga tomando conta dos meus pensamentos, da minha frágil existência neste momento como se propriedade dela fosse... Sai! Não te quero ouvir! Sei a tua letra de cor mas não consigo entender o que me transmites com essa batida ritmada... Pára! Deixa-me descansar para que amanhã retomemos a luta, deves-me isso, fui eu que te escolhi a meio desta noite... e agora estás em todo o lado! Levanto-me para molhar o rosto cansado e saltas do espelho, não te consigo vencer. Não me interessa o que se passa lá fora, para mim a noite acaba aqui, vou-te expulsar, vou gritar num silêncio desconcertante e adormecer de tanto tentar. Nos meus sonhos farei com que te tornes num murmúrio impercéptivel, farei com que o vento te leve para bem longe, porque nos meus sonhos eu tenho o controlo, nada físico me transcende... Mas tu existes...
Senhora da Hora, 6 e 43 da manhã.
How can it feel, this moment?