quarta-feira, abril 27, 2005

5... 4... 3...

Em momentos de crise a imaginação é mais importante que o conhecimento.
Dix it

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A uns tempos acho que foi o Vitor escreveu um texto com o tema "Viver mata".... axei-o muito bom... e gostava que lesses este que te vou deixar aqui! beijocas grandes CARINA

A morte do Amor
A morte do Amor foi um duro golpe na minha auto-estima. Eu tinha-o deixado morrer.
Ele morrera ali mesmo. Nos meus braços hesitantes. Eu poderia ter dito tanta coisa. Podia e não disse nada.
Resignei-me em silêncio desde o primeiro momento. As lágrimas morriam na apatia da minha expressão.
Será este o auge do sofrimento? Quando ele é tão intenso que o corpo deixa de se mover apenas para se quedar na apatia de um "nada me importa agora que o hoje acabou".
De nada me adiantaram os póstumos postais a lamentar o sucedido. As flores que vieram colocar-lhe na campa. Houve até quem vertesse uma ou outra lágrima.
Como não me conseguia mexer cobriram-me o corpo de essência de jasmim e vestiram-me com um vestido branco de algodão que ainda guardo no baú chinês onde deposito todas as minhas memórias e vestidos sem uso.
Quase tiveram de me levar ao colo para o funeral. Ouvi a última missa. Ainda me recordo das palavras do padre gordo e baboso: "vamos todos deixar um último adeus sentido ao Amor e relembrá-lo nos nossos corações pois onde ele está agora apenas existe paz, anjos e sinfonia".
Depois deram-me a mão e arrastaram-me para longe da campa alva. Já não havia nada a fazer ali, disseram. A morte quando reclama algo que é seu nem Deus a pode impedir, diziam eles em jeito de consolação.
Voltei lá poucas vezes desde esse fatídico dia. Sempre que vou colho belas flores, orquídeas, para deixar na campa do meu Amor. Do lado direito da cruz cresceu um morangueiro.
Nunca tive coragem de colher morangos. O seu sumo ia-me saber ao sangue do meu Amor.
Das raras vezes que lá fui, subi ao sotão para tirar o vestido de algodão branco do baú. Existem objectos com vida própria. O vestido é um deles. Se soubesse que tinha ido ao cemitério e não o tinha levado cresciam-lhe lantejoulas de rancor e eu não quero que isso aconteça.
Assim, visto-me, colho as orquídeas e vou visitar o Amor. Raras vezes, claro. Essas viagens deixam-me sempre exausta.
Quando regresso evito os olhares carregados de silêncio e mágoa e escondo-me dentro de mim até a tormenta passar.
O amor vive no futuro, disseram-me um dia. E eu retorqui... "não vive quando ficou preso no passado".

01 maio, 2005 20:03  
Blogger Ricardo said...

Por acaso foi eu que escrevi o texto que falaste;)O texto que puseste aqui é 5 estrelas mesmo...bjinhos carina

02 maio, 2005 19:54  
Anonymous Anónimo said...

desculpa ricardo.... a serio que pensava mesmo que tinha sido o vitor, e nao me dei ao trabalho de ver!

03 maio, 2005 00:07  

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