terça-feira, maio 24, 2005

Incontestáveis aniquilações

Estou completamente descordenado comigo mesmo. Só escrevo quando tenho sono. Quando paro de escrever, já não consigo adormecer. Quero que me dêem as respostas cabais para as minhas perguntas banais: a que sabe a agua?; a que cheira o ar?; a que soa o silêncio?;quanto custa a inspiração?;quanto dura a respiração?

Estou incompletamente coordenado comigo mesmo. Só escrevo quando estou desperto. Quando começo a escrever, já não vejo o amanhecer. Quero que me façam as perguntas cabais para as minhas respostas banais: a vida; ao teu cheiro ; a dor; a eterna solidão; tanto...que não paro de respirar.


Há momentos na vida em que finalmente as peças se juntam e se encontram as respostas para o que outrora parecia perdido.

"Careless whispers drifting by the ears,
trust in no one, silence broken by careless whispers
You've got a lot to say, but I'm not listening,
and I've got a lot to say, that your ears are not hearing"

sábado, maio 21, 2005

o princípio é o fim é o princípio

parecem sonhos, as viagens da substância esbatendo parede em parede, amando cada canto da alma, susurrando. em todos estes sonhos, luzes de mil cores e sabores ardentes esvaziam o poder criativo, decadente e moribundo, acaba em pesadelo, tudo a preto e branco. amor sentido em tão profundas carícias e formas tão diferentes, tão iguais, sente-se a força bem mais perto, sufucando e travando palavras mais ou menos banais, como o fumo ou oxigénio, como o som das vocais. aromas que perduram, mesmo que perdidos, profundamente superficiais, agora tenho medo que tudo acabe ou que não recorde e sejam vulgares, sem livre arbítrio, sem vontade. concordo em acabar, começar o que iniciamos, tão unidos para morrer.

sexta-feira, maio 20, 2005

Amor e alquimia a 180km/h

Não era a primeira vez que o faziam, ultimamente até era habitual, de tal modo que à distância parecia uma noite como qualquer outra qualquer, rasgada pelas nuvens cinzentas, carregadas de água, que insistentemente ameaçavam desabar por cima das pessoas que àquela hora circulavam naquela estrada.
Mas naquela noite ela notou algo diferente nele, estava calmo e sereno acima de tudo, como se já tivesse tomado uma decisão e nada o fosse impedir de concretizar as suas ambições. A inquietação e o nervosismo haviam desaparecido e, com a calma que ele a tinha ido buscar à porta de casa, parecia mesmo que já nada nem ninguém os incomodava, e tudo seria diferente a partir daquela data.
Nem uma palavra dissera até aí, também não era preciso, quando estavam juntos as palavras eram meros acessórios que acompanhavam os corações, numa maratona que para eles sabia sempre a pouco, a muito pouco. Em noites como esta eles nem culpavam os deuses pelas partidas que lhes haviam pregado, pelos caminhos divergentes que os fizeram seguir até ali, não, em noites como esta eles preocupavam-se em saborear única e exclusivamente o pedaço de céu que Deus depôs na carne, perdiam-se nos abraços e nas promessas que teimavam em não se concretizar porque a vida, já se sabe, é madrasta e nem sempre sorri aqueles que amam.
Ele conduzia talvez depressa demais, como se tentasse inverter o ciclo da vida e a velocidade excessiva os levasse para trás, para o momento em que se haviam separado e tomado direcções opostas, já não sabem, nem interessa, muito bem porquê.
Subitamente baixou o som da música que tocava e perguntou-lhe:
- Ficas comigo para sempre?
Ela sorriu, olhou à volta e reparou nas árvores, nos rios, nas casas, como tudo passava tão depressa...
Olhou novamente para ele e de repente começou a chover torrencialmente, inundando a estrada de uma camada espessa de água.
Tocou-lhe levemente no rosto e disse:
- Conheces algum atalho para a felicidade?
Olharam fixamente nos olhos um do outro, deram a mão e ele acelerou ainda mais...

segunda-feira, maio 16, 2005

Não sou mais do que uma linha no teu livro

Já vai há tanto tempo que jurei,que já me esqueci...do que é jurar. Sabem como escrevo tudo aquilo que eu escrevo? Penso nos heróis que eu já matei e pergunto-lhes se eles seriam capazes de pensar no que eu penso e dizer aquilo que eu digo. Se sim, então deixo de lado, se não, ponho todo o meu esforço poético (se alguma vez o tiver, já sei que serei o último a saber) naquilo que os meus defuntos heróis nunca seriam capazes de escrever e escrevo eu mesmo.
Existe algo mais dentro de mim, que se olhares bem para os meus olhos és capaz de ver. Talvez uma calma imcompreensivel mas tão bela que nunca mais afastarás o teu olhar do meu. E talvez se ouvires bem a minha voz encontrarás nela a melodia que sempre desejaste descobrir, mesmo que esta pareça arranhada e suja, tu sabes que esta é a única voz que eu poderia ter...assim como os meus olhos, como esta boca e esta mente...
Talvez não seja um conjunto perfeito, mas isto porque o ser humano está habituado a perspectivar tudo num panorama gestaltista. Porque nenhum ser humano é imperfeito. Talvez o nosso cerebro o seja porque é este que cataloga o que é normal e o que é anormal; o que é bom e o que é mau;e por aí fora...Então, se afinal o cerebro comanda o Homem e se o primeiro é imperfeito, talvez tenha que admitir que assim como eu, tambem tu não tens o minimo de valor. Mentaliza-te antes da desilusão, materializa-te antes que seja tarde demais e antes que em vez de ouvires isto da minha boca, ouças atravês de algum dos teus impetuosos e vivos heróis. Nessa altura vai doer, não vai?

"And it's just like you to say,
that it's better when you have things your own way
Now I'm stumbling through my words
and it's all your fault...so feel guilty"

não leias isto em ritmo hip-hop

Ontem vi tudo o que eles sabiam sobre mim e o que eu nunca soube por eles, e isso transtorna a minha paz de espírito. o que eu detesto são essas cortinas e pergunto, nascemos idiotas ou tornamo-nos idiotas? talvez ao nascermos idiotas e ao nos apercebermos dos idiotas que somos tentemos colocar uma página em branco no fim dos primeiros de muitos livros de poesia onde deambulamos ao longo da vida.talvez depois, em consequência, tornar-nos-emos em idiotas pois quando a meio de uma canção pop rock se mistura um trompete puramente de ska o resultado é merda mas se forem quatro notas bem escolhidas em piano é excelente. pelo menos aos ouvidos de tudo o que eu conheço. tudo é relativo diria eu, e já ninguém procura o absoluto. Mas será que o facto de pensares indefinidamente em dormir te fará seres julgado por preguiça?

sábado, maio 14, 2005

Há sempre desmotivos para motivar

Olha para trás, terás o passado tão presente, uma lágrima que não caiu? uma palavra entalada que ficou por dizer e mudaste todo um circulo que gravita à tua volta mas consciente que ergueste mais um degrau no objectivo cego de chegar bem lá em cima. Será que alguns cairam por causa tua? que interessa, apenas serves os nossos interesses por isso te apoiamos mesmo que hoje tenhas errado a dobrar. e o que é errar? será não estar? para mim é não fugir..aquilo que és. dava para escrever cem mil palavras sem significado nenhum e ainda hoje penso no que nunca me disseste mas sempre pensaste porque eu li pensamentos e hoje apenas os ignoro. imutável esse olhar, até dá para lamentar o mais frágil dos corações, libertar emoções como o caudal inundando e inundado até chegar à tristeza. 6 são os sentimentos cartesianos: admiração - desejo - amor - ódio - tristeza - alegria. escolhe um e intencionalmente e intuitivamente partirás para os outros.

quinta-feira, maio 12, 2005

Alibis em forma de coração

Não quero mais fugir. Nunca mais irei fugir. A verdade é simples, é crua, é vermelha e nem sei se posso dizer se é cruel. O facto é que estou a enlouquecer. Quando era mais novo perguntava-me a mim próprio como é que alguêm chegaria ao ponto de cortar a sua própria orelha,ou então de se suicidar a si próprio. Se calhar até gozava com esse facto. Não me lembro. A verdade é que caminho a passos largos para lá. É que cada vez mais imagino coisas, decifro palavras, conheço aromas e detesto caras. Já não existe beleza neste mundo para mim. Já não olho para as aquelas pessoas que outrora me enchiam a cabeça e penso em perfeição. Agora penso em vidas miseráveis que se arrastam cada vez mais. Podem gozar, podem rir, podem até chorar mas a verdade é que estou a ficar louco. Ou isso, ou cada vez mais conheço o mundo em que vivemos e por favor!até me mete nojo. Já não escrevo com o abstractismo lógico que fazia parte de mim...agora só escrevo palavras soltas. Escrevo odes à morte, hinos aos pulmões e serenatas a quem me detesta. Porque quem ama um inimigo é horrivelmente capaz de cruxificar um amigo. E eu não quero ser assim...nunca quis ser assim e nunca serei assim. Nunca me irão deitar abaixo. Posso ficar completamente senil, posso até já não ter forças para me levantar, mas nas minhas veias nunca entrará o veneno da traição.

"You´re fucking dead to me!"

segunda-feira, maio 09, 2005

Fado

Hoje (domingo) por volta das 19h, na cidade da Póvoa do Varzim, ouviram-se as palavras "in nomine solenissimae praxis garraiatas queima fitae portus doi mile et cincus encerrata est", com estas palavras encerrou-se a queima das fitas e a semana alucinante que se viveu, mais que isso com esta frase pôs-se fim a um ciclo, a praxe académica no porto em 2004/2005.
Já não temos caloiros na academia, por agora é tempo de reflectir no que de bom e de mau se passou durante os últimos meses, e preparar o caminho daqueles que neste momento nem sonham o que os espera,já em outubro próximo. Quase não há tempo para sentir saudade, essa fica para a primeira semana de Maio do próximo ano, aí sim concentram-se todas as emoções e deve ser por isso que ninguém as controla, porque se sorri pelo que já se viveu e se chora pelo que ainda há de vir.
Se alguém me perguntar o que é a praxe neste momento só me vem uma palavra à cabeça: saudade. Porque é dela que se revestem todos aqueles que um dia já envergaram o preto, uns com mais sentimento, outros menos. Mas cada um teve as suas razões e emoções quando pela primeira vez sentiu o traje a cobrir-lhe o corpo, e que ninguém julgue o juízo de cada um porque dele somos dotados para seguir o nosso próprio rumo.
E praxe não é mais do que isto, porque ela existe na nossa cabeça e cada um faz dela o que bem entender... dentro de si... porque cá para fora só sai aquilo que está certo, aquilo que deve ser ensinado, e só ensina quem sabe o sentido de tudo isto que acabo de escrever.

Este parte, aquele parte
E todos, todos se vão
Oh terra ficas sem homens
Que possam cortar teu pão

Tens em troca, órfãos e órfãs
Tens campos de solidão
Tens mães que não têm filhos
Filhos que não têm pais

Corações, que tens e sofres
Longas ausências mortais
Viúvas de vivos-mortos
Que ninguém consolará

sábado, maio 07, 2005

Onde estiveste na última semana?

Onde tens estado nos últimos três anos? Onde vais estar nos próximos dez? Na senda de mais um estado perfeito (ou caótico), acabámos todos por disfrutar uma semana louca, que já ninguém recorda como espaço temporal mas sim como estado de alma. Sem dúvida que a música da queima este ano é, pelo menos para os breeders, new disease. E porque ela reflecte cada shot pedido e cada palavra perdida, é em mim o momento único de toda esta realidade que já acabou mas sem dúvida que neste momento há uma barraquinha onde continua a existir aquele que é o hino. A verdadeira Queima acaba sempre por triunfar sobre a falsa Queima, e este ano não fugiu à regra. No entanto uma é indissociável da outra, e ambas nos comem porções de imaginação. Agora apetece-me ir a Coimbra, comer umas bifas, snifar umas coca´s e ser roubado na rua vermelha. Afinal há passado , e está tão vísível no futuro que só não o vemos se não quisermos. Mas só o futuro existe. HASTA SIEMPRE KEIMA2005

quinta-feira, maio 05, 2005

Tu serás o fim de mim

existem.pessoas.diferentes,.assim.como.existem.
vidas.diferentes..existem.dores.diferentes.
assim.como.existem.noites.em.que.o.som.da.
natureza.nocturna.já.não.se.ouve..e.a.lua.parece.
morrer.com.o.meu.desgosto..porque.é.que.me.
fazes.sentir.como.se.eu.tivesse.nascido.só.para.
destruir?.e.tu.bem.sabes.que.o.fazes...mas.eu.estou.
a.ficar.cada.vez.mais.forte.em.todos.os.sentidos.e.
depois.como.será,.sem.o.teu.dominio.e.a.minha.
submissão?..porque.tu.já.sabias.desde.o.principio.
que.eu.nunca.te.iria.deixar.enterrares.me..já.há.
muito.tempo.que.me.esqueci.de.como.se.reza.mas.
mesmo.assim.peço.a.deus.para.te.salvar.porque.
senão.tu.não.terás.rendição.e.no.purgatório.esperam.
te.mil.coisas.piores.do.que.eu..minha.doce.e.gentil.
querida.tenta.compreender.que.todos.os.dias.quando.
morro,.morro.a.pensar.em.ti.se.é.que.isso.te.traz.
qualquer.tipo.de.gratificação,.e.que.todos.os.dias.
quando.ressuscito,.ressuscito.a.pensar.na.dor.
de.mais.um.dia..e.quando.olhas.directamente.para.
os.meus.olhos.não.tentes.ver.o.teu.reflexo...
tenta.imaginar.o.fogo.que.queima.para.lá.das.minhas.
opticas.visuais,.tenta.esquecer.te.por.2.
segundos.e.guarda.um.deles.para.pensares.na.
hipotese.que.o.ar.que."respiramos". não.é.só.teu.

"Controlling my feelings for too long
Forcing our darkest souls to unfold
And forcing our darkest souls to unfold
Pushing us into self destruction"